Estábulos de Hyacinth

— Você tem certeza que é tão caro assim ? — falei, guardando o ouro dentro da calça novamente — Tenho um amigo que comprou um cavalo bom por bem menos — comentei, tentando abaixar o preço, falando com uma expressão persuasiva.

- Você pediu os mais caros, e aqui estão. Mas caso tenha mudado de ideia, ainda posso te levar para ver os pôneis. - Comentou o homem, visivelmente desconfortável.

Cheguei mais perto do homem, encarando-o nos olhos.

— Pôneis não me interessam, o que eu quero é um cavalo bom por um preço justo, meu amigão — falei, provocando o barulho tilintante dos ouros balançando e se cochando.

Encarou o rapaz, primeiramente com o semblante sério. Mas, em seguida, abriu seu costumeiro sorriso debochado. - Então sugiro que vá em outro lugar. - Acenou para dois dos tratadores se aproximarem. Ambos carregavam forcados sujos de feno e estrume de cavalo e suas caras não eram muito felizes. - Aceita companhia? - Continuou o vendedor.

Mexi as lanças em minha costa, mostrando que não estava despreparado. Mas como um honroso guerreiro, deu passos para atrás, recuando.

— Não acho que seria muito justo um combate assim, vocês não tem honra alguma ? Não preferem abaixar um pouco o preço ao invés de causar mortes desnecessárias ? — falei, tentando persuadir, provavelmente pela última vez.

Os homens, um tanto trancudos vistos de perto, já estavam atrás de seu senhor e, outros que trabalhavam por perto, pararam seus afazeres para prestarem atenção no pequeno grupo. - Sugiro que o senhor se retire imediatamente, antes que a única morte desnecessária seja a sua. -

— Vamos parar essa briga desnecessária e me de esse cavalo logo, pagarei a quantia que você quer — falei, pondo uma das mãos dentro de minha calça e outra, vagarosamente, na lança longa. Fiquei atento a qualquer ataque vindo de qualquer um, já que todos ali estavam um pouco alterados de raiva.

- Sugiro que, por esse infortúnio que o senhor causou, pague o dobro do preço original. - Respondei o homem, voltando com o sorriso costumeiro em sua face. - Mas claro, caso negue, a saída é por ali. - Maneou a cabeça em direção ao caminho que haviam feito momentos antes.

— Se rejeita ouro por puro orgulho, então peço que repense seus conceitos — falei, retirando a mão de meu bolso e deixando a mão na lança longa. Me retirei do local, atento caso alguém ainda estivesse procurando briga. Se eu conseguisse sair sem problemas, iria simplesmente tirar a mão da lança longa e caminhar direto para Durenor, se não, iria ver o que pudesse ser feito.

Rio do comentário. Dinheiro era o que não lhe faltava, a diferença era que mais sempre era bom, aos seus olhos. Voltou para suas atividades, não sem antes mandar seus homens escoltarem o rapaz até a saída, porém mantendo certa distancia.

Logo, Donn percebeu que estava no caminho de Durenor.

O velho enfadonho responsável pelo estabulo o olhou torto e riu.

— Ha! Quer meu melhor cavalo então, seu fedelho? Se quer meu Patriarch vai ter que me dar 850 moedas de ouro! Acha mesmo que pode bancar tal luxo? Moleque? Vá para casa, garoto!

O velho foi cambaleando com sua bengala até o quintal do estabulo e então se posicionou contra Chrom.

— Venha moleque! Me mostre todo seu poder magico.

Sentou-se na frente do estabelecimento, cansada. Havia corrido o mais rápido que pudera de Durenor até Hyacinth, fazendo poucas pausas para descansar. Tirou da bolsa seu cantil de água e, enquanto tomava, levou umas das mãos até o peito, que estava começando a pesar. Seu coração batia freneticamente, o que era um incomodo. Ficou ali por alguns minutos, relaxando.

Mas não demorou muito para que entrasse. Seguiu até o primeiro vendedor do estabelecimento que viu e, com seu costumeiro sorriso tímido, o chamou.

— Ehh, olá. Bem, eu gostaria de um cavalo. Não muito caro, porém um que aguente bem subidas. —

— Ehhhhh, 450 ouros? — Arregalou os olhos. — M-moço, eu não posso comprar um cavalo com esse preço! — Virou o rosto para o lado, com uma expressão triste.

O funcionário corou ao ver a expressão da garota. — H-Heii! M-Mas.. é que... eu... eu não quero lhe vender um cavalo não adestrado, você pode acabar se machucando. Bem... eh... façamos assim, eu posso lhe dar essa eguá por 300, tudo bem?

— Que tal 250? — Perguntou tímida, mordendo os lábios enquanto pedia mentalmente para que o rapaz abaixasse mais o preço.

Ele corou mais ainda, não resistindo a tentação da moça. — C-Certo... 250 e pode leva-la. — Ele dizia enquanto olhava para o lado com medo de que o velho o visse fazendo tal desconto apenas pela moça ser incrivelmente linda.

Pegou o dinheiro com ela e então deu a égua.

— Ah, ela foi adestrada com o nome de Arch, apenas para avisar. — Sorriu.