Taverna Flecha Sangrenta

- Sim, sim!

[MDT]

A moça leva seus olhos ao rapaz, e depois ao anuncio em suas mãos. Entre enxugar um copo e outro, buscava informações sobre a tal mulher.

- Na verdade, já houve aqueles que se interessaram, sim, mas nunca chegaram a concluir a missão. - Deu os ombros. - A única coisa que chegou aos meus ouvidos foi que essa daí - maneou a cabeça na direção do anuncio - é o tipo de pessoa que aceita qualquer tipo de serviço sujo. -

- Ora, não diz aí? - A moça soltou um riso suave. -  Meredith e, para sua sorte, ela e sua cabeleira ruiva foi vista na loja de venenos... Talvez ela ainda esteja pela cidade. -

Abri a porta da taverna, vagarosamente, inspecionando todos as pessoas que eu via. Fui até o balcão e perguntei para o atendente — Quanto que está custando a hospedagem aqui? — olhei nos olhos do atendente, esperando uma resposta sincera.

O atendente olhou nos olhos de Donn e respondeu:

— Quarenta pratas, meu caro — disse o homem, barrigudo, enquanto limpava os pratos e copos usados da taverna.

— Então me vê uma refeição com dois pães, uma carne bem assada e uma garrafa de vinho — Falei, botando a mão dentro da calça e retirando uma peça de ouro — Aliás, você tem troco, né ? — perguntei, se não teria que ir buscar alguém para trocar minhas peças de ouro.

— É claro que tenho — falou o barrigudo, dando uma risada debochada pela ingenuidade de K'hael — Tudo isso vai custar setenta pratas — falou, já indo até o local onde se encontrava as refeições, para buscar tudo que K'hael havia pedido. Quando voltou, deixou tudo numa bandeja em cima do
balcão e se virou para pegar uma garrafa de vinho.

Com a peça de ouro em mãos, coloquei-a no meu dedo e com um empurrãozinho, a taquei em cima da mesa — Então pegue um troco para esta peça de ouro — falei, querendo agilizar as coisas.

Ao ouvir o barulho da moeda de ouro batendo no balcão, o atendente parou de se mexer por alguns instantes e então se virou com uma expressão surpresa, ele estava duvidando de K'hael, já que sua aparência não demonstrava que o homem tinha muito dinheiro. Contudo, deixou a garrafa de vinho em cima da mesa e pegou a moeda com seus dedos gordos, se abaixando um pouco para poder pegar o troco em pratas. Separou antes de se levantar e largou o troco certinho em cima da mesa.

— Feito, pode subir as escadas e pegar qualquer quarto livre — falou o atendente, apontando com a mão aonde se encontrava as escadas.

Assenti com a cabeça, balançando-a verticalmente. Peguei as moedas e botei dentro de minha calça de couro. Em seguida, peguei a bandeja com a refeição e a garrafa de vinho, começando a ir em direção da escada. Subi a escada e procurei por um quarto livre. No quarto, larguei a refeição em cima de alguma mesa ou balcão e tranquei a porta. Fui até o banheiro e tomei um banho, banho longo, até me satisfazer e eu achar que não tivesse mais nenhuma sujeira aparente.

Depois do banho, peguei um pano que encontrei no quarto e comecei a limpar minha calça de couro, enquanto deixava meu turbante de molho, para limpar a sujeira. Depois de limpar a calça, comecei a limpar os meus braceletes e em seguida minhas botas. Tirei o turbante de molho e deixei em cima da cama, na esperança que secasse a tempo. Voltei na mesa onde estava a refeição, trazendo todo dinheiro e deixando-o ao meu lado, tanto no chão quanto na mesa.

Quando sentei na cadeira da mesa, comecei a comer a refeição, intercalando entre alguns goles de vinho enquanto mastigava. Depois de comer toda refeição, verifiquei se o turbante ainda estava molhado, concluindo que estava só um pouco, deixei ele em cima da mesa, para esconder o dinheiro, junto com minhas botas e meus braceletes ao lado. Deitei em cima da cama, fugindo da parte molhada que o turbante acabou deixando, e dei uma pequena soneca. O bastante para descansar e recuperar as energias que havia perdido da última "aventura".

Depois de acordar, me levantei, ficando um alguns minutos sentado na cama, encarando o quarto. Ao levantar, calcei minhas botas e coloquei meus braceletes. Peguei o turbante e o arrumei devidamente em minha cabeça. Depois de tudo isso, peguei o ouro, colocando alguns dentro de minha calça e outra parte dentro do turbante. Fiquei um pouco sentado na cadeira que ficava perto da mesa, terminando a garrafa de vinho.

Quando terminei a garrafa, me levantei e fui em direção da porta. Destranquei a porta e abri, passando por ela e deixando a chave em cima da mesa. Fui até a escada e desci até o primeiro andar, cumprimentei o atendente que me atendeu e sai da taverna, indo em direção da Loja de Artesanatos.

Havia tudo acontecido rápido demais. Primeiro, se sentiu sendo puxada com extrema força e, em seguida, apenas o escuro e o baque.

Por um momento, ficou parada, com medo do que poderia acontecer caso levantasse. Porém, ao se concentrar melhor, percebeu que não sentia mais aquela sensação que tanto lhe incomodava naquele lugar. A única coisa que lhe incomodava era o mau cheiro.

Levantou os olhos rapidamente. Estava em um... Banheiro?

Se pôs de pé, atordoada com tudo o que havia acontecido. Abriu a porta dando de cara com o salão de uma taverna e, com dificuldade, cambaleou até o primeiro banco que viu, jogando o peso do seu corpo no balcão.

Pelos Anjos, seus últimos dias foram horríveis.

Um dos funcionários andou em direção ao banheiro quando viu a garota completamente zonza e desnorteada em um banco. Achou que a mesma poderia estar bêbada ou dopada de alguma forma, mas ainda sim, se aproximou.

— A senhorita esta bem? Precisa de alguma coisa?

Levantou a cabeça ao perceber que alguém havia se aproximado. Tentou parecer melhor do que realmente estava e abriu um de seus costumeiros sorrisos doces, qual falhou miseravelmente.

- Estou bem, obrigada. - Ajeitou-se no banco - Vocês teriam um quarto sobrando? Qual seria o preço dele? -

— Tem certeza? — Ele disse tentando observa-la melhor. — Bem, então no caso, temos sim. O mais barato não passa de 30 moedas de ouro.

- 3-30 moedas? - Indagou, cabisbaixa. Não era preciso olhar em sua bolsa, sabia que não tinha a quantidade suficiente para ocupar um quarto. Mas estava muito cansada e, sentia seu peito pesar. Isso nunca era um bom sinal. Limpou a garganta. - Por um acaso, eu poderia prestar serviços por uma noite em um quarto? - Levantou os grandes orbes esmeraldinos para encarar o rapaz. - Eu dou minha palavra que faço que quiser que eu faça. Limpar, lavar, atender. -

Arregalou os olhos com a respostas do rapaz. Desde que sua pequena vila fora dizimada, jamais havia visto tamanho ato de generosidade para consigo. Praticamente pulou do bando, quase caindo do mesmo. - Oh, muito obrigada! Muitíssimo obrigada! - Se curvou ao homem, em sinal de agradecimento. - Prometo mentar minha palavras e, assim que o dia raiar, estarei pronta para ajudar no que foi preciso. - Sorriu, dessa vez, um sorriso vivo. Começou a se distanciar do homem, seguindo que ele havia explicado para chegar ao quarto.