Arena de Breonne

Heinz foi ouvindo Zeon e deixou para responde-lo quando chegasse na saída da arena. Lá, se encostou na parede e cruzou os braços, ppdendo agora olhar nos olhos do mago.

-Pouco. Creio que o suficiente para que o senhor possa ir direto ao ponto.

-... Então você entende que temos uma condição, certo...? - Sua voz entediada se juntou a sua expressão mais entediada ainda e se apoiou em uma parede aleatória, assim como Heinz. - ... Eu não tenho mais muitos sentimentos... Sem eles, nada me prende a esse mundo... Exceto minha criadora. - Seu olhar voltado ao chão, por alguns segundos, parecia ter ganhado vida. - ...Infelizmente, não parece que vou poder vê-la por muito mais tempo e não há nada que posso fazer.... - Olhou profundamente para Heinz e repetiu o movimento com o dedo e os lábios. - Foi um prazer ter conhecido alguém com tamanha determinação, Von'Hoeven.

Heinz escutou, intrigado, o que Zeon tinha a falar. O rapaz, aparentemente, tinha fardos demais a carregar.

-Posso lhe mostrar muito mais determinação, senhor Skil. - Disse Heinz num tom sério enquanto mudava sua postura. Agora estava em frente ao mago, com as mãos unidas nas costas -Detesto o fato de ter que destruir um objetivo para prosseguir com o meu, visto que minha ordem prega o benefício da vida. Ao invés disso, prefiro continuar objetivos por mim mesmo.-Pousou uma das mãos no ombro de Zeon - suas costas já parecem cansadas demais para continuar a carregar fardos. Apenas me diga o que deve ser feito e oferecerei-lhe as minhas.

Zeon, se esforçando mais do que havia se esforçado no torneio inteiro, conseguiu expressar um sorriso doído, porém verdadeiro.
- ...Heinz, você é uma pessoa ótima... Gostaria de ter lhe conhecido quando ainda podia sentir tudo... - Ofegante, desmanchou a expressão, voltando a sua natural. - ...Agradeço as palavras, mas tudo que passo agora é uma circunstância de meu ser... - Olhou para sua mão esquerda, da qual formou um pequeno floco de neve, que logo foi assoprado para longe. - ... Possuir mana maior, aprender as coisas com mais facilidades... É justo... - Agora, foi a vez de Zeon posicionar a mão no ombro de Heinz, olhar em seus olhos e dizer: - Estarei torcendo por ti....

Heinz analisou Zeon, sua expressão, suas ações. Percebeu que era o momento para partir. Ainda haviam, em sua mente, muitas perguntas sem resposta, entretanto parecia que daquele jeito era melhor para ele e Zeon. Se sentiu incentivado, mesmo conhecendo pouco Zeon. Lembrou-se de uma passagem de seu livro que agora fazia mais sentido para ele. Finalmente, o espadachim decidiu deixar o ainda um tanto estranho mago.

-Estarei representando você nos próximos combates. -Disse Heinz enquanto desembainhava uma de suas espadas. Ofereceu a Skil, enquanto olhava para a espada dele numa incomum proposta de troca. -Costume de meus semelhantes - Finalizou o justiceiro para o entendimento do mago.

-... - O mago desembainhou sua espada e assim a ofereceu para Heinz, só podendo aceita-la após ele pegar a sua, já que seu outro braço está incapacitado. - ...Não sou digno de tanta gentileza... Mas minhas gratidões continuaram contigo mesmo após a partida delas em meu coração... - Assim que trocasse a arma, se curvaria para ele em um singelo sinal de respeito.

Hezin embainhou a espada nova e cedeu a antiga, deixando para analisar a nova arma depois. Mesmo que não fosse melhor que as suas, o significado da troca dentro das crenças do justiceiro era forte. Heinz acreditava fielmente que teria a força de Zeon sempre que o espírito apaziguado do mesmo concordasse com seus objetivos. Como o mago deixou subentendido que logo partiria, o espadachim achava aquela a atitude mais nobre. Como resposta ao cumprimento de seu novo amigo, o espadachim apenas curvou a cabeça

-Que você continue em paz para onde quer que vá. E aproveite seus dias. Caso ainda esteja por perto e precise de algo, me procure. -Disse Heinz, em despedida, e partiu de volta para seu costumeiro lugar.

- Agradeço... - Guardou a nova espada, levantou-se e assim como Heinz havia pensado, Zeon tomou seu caminho de volta para casa.
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Em sua caminhada para o costumeiro lugar de espera, o espadachim se depara com uma figura diferente, da qual trajava apenas preto, inclusive seu capuz. A mesma estava encostada em um dos muitos corredores que levavam de volta para a arena. Por sua fisionomia, foi fácil identificar que era um homem, um pouco maior do que Heinz.
Colocou-se em seu caminho e impediu sua passagem, procurando algo nos bolsos internos.

Heinz observou a figura de canto ao chegar ao corredor, porém dentre tantas coisaa incomuns que já havia visto ali em Breonne, já não se surpreendia. Quando iria passar por aquele homem e cumprimentá-lo casualmente, eis que ele se move. Aperta um tanto os olhos, confuso.

-Sim? -pergunta, atento a mão do homem.

Ainda vasculhando nos tantos compartimentos de sua vestimenta, o homem apenas move a cabeça em um sinal para que esperasse. Assim que finalmente acha o tão escondido documento, não tarda a entrega-lo para o justiceiro.
- Assim que não tiver mais pendências a resolver, abra essa carta. - Disse, entregando-a. Dentre as sombras em seu rosto quase todo encoberto, foi possível ver um sorriso. - Belas habilidades, Sr. Von'Hoeven.

Heinz aguardou impaciente, e enfim aceitou o documento.

-Isso vai demorar um tempo. -Disse Heinz, analisando superficialmente o documento, antes de guarda-lo delicadamente no bolso. -Não pratico minhas habilidades na intenção de que sejam admiradas, mas agradeço - Prosseguiu Heinz num tom ainda desconfortável. Não tinha confiança num homem que escondia sua fisionomia. Se o fazia era porque haviam motivos para isso. -Poderia se identificar? Foi você auem me deixou um bilhete na casa de banhos?

O homem assentiu com a cabeça, entrelaçando os dedos atrás de si.
- Certamente, esse fui eu. - Seu sorriso prosseguia em sua face, porém mais singelo. - Não se preocupe com as questões de tempo, senhor. Acredito que todos os convocados irão demorar a acabar seus afazeres. - Fez uma pausa curta para olhar ao redor. - Sobre minha identidade, sinto não poder fazer algo, sigo ordens superiores.

Heinz sentiu que o homem não fora lá para uma longa conversa, e ele precisava se apressar e assistir às outras lutas, mas havia uma dúvida que agora batia-lhe a cabeça.

-Antes que eu vá, me diga... Por que vieram atrás de mim dentre todos os concorrentes? Só porque sou o único player?

Ao contrário do que Heinz pensava, o misterioso procurava sair de lá o mais rápido possível.
- O senhor, sem dúvida alguma, se destaca entre os demais concorrentes. - Deixou que a sentença morresse no ar e se apressou para deixar o local.

Heinz observou aquele homem partir tão de repente, e estava em dúvida sobre não procurá-lo mais, pois de fato era suspeito, e tentar descobrir do que se tratava. Decidindo deixar essa preocupação para depois, ele retornou à arena

Era necessário contornar a parte central da arena, onde se disputavam as lutas, para chegar à sua costumeira posição de espera. Nisso, Heinz visualizou a talvez luta mais cruel que havia visto até aquele momento: um dos concorrentes estava, sem exageros, torcendo o braço de seu oponente... Se é que aquilo ainda podia ser chamado de braço. Os guardas, então, correram para separar os participantes.

Assim que Heinz avistou a ação, percebeu que o concorrente que torcia o braço do adversário tinha bom domínio sobre o mesmo, e que aquilo era totalmente desnecessário. Sua observação não durou muito. O justiceiro rapidamente correu junto aos guardas e empurrou o agressor com o ombro para longe de seu pobre oponente.

Antes que Heinz pudesse intervir na luta, duas mãos o agarraram para trás, o impedindo de se juntar aos guardas. Não era possível olhar para a pessoa misteriosa que o segurava, mas o toque de suas mãos tinha características femininas.
- Não seja louco! - Sussurrou para ele enquanto se mantinha forte em sua posição.

Heinz parou brusca e involuntariamente. Por um momento achou que aquele que o impedia seria um dos guardas, até ouvir a voz feminina. Não se importou em ver quem era ppr enquanto, apenas observou a bagunça por alguns segundos. Depois, balançando a cabeça negativamente, virou seu corpo ligeiramente para ver quem o impedira

Ainda o segurando, a dona da voz arrastou Heinz consigo até um lugar mais distante do conflito, bem próximo da área de espera. Largando-o, foi para sua frente e "soltou os cães."
- Onde você pensa que está?! Em Dunwich?! Isso foi loucura! Um passo dentro da área de luta, bonitinho, e você está morto! - Dizia alterada, mas logo tomou um bom tempo para respirar, com direito a suspiro no fim, e continuou. - Me agradeça eternamente por ter lhe salvado de uma punição!
Finalmente se acalmando, Heinz teve a oportunidade de analisar a figura a sua frente.

Spoiler:

Heinz seguiu aquela mulher, um tanto decepcionado por não ter feito nada quanto ao homem ferido. Ele apenas encarou a moça enquanto a mesma gritava, sabendo que suas intenções eram boas.

- Gostaria de ter ajudado àquele homem também. Mas agradeço a ajuda. -Respondeu baixo assim que ela terminou de falar. Não era necessária muita observação para deduzir que ela não era uma guerreira. -Você não seria uma das concorrentes, certo?

Se recompondo inteiramente, a jovem ajeita seus cabelos e vestes para só depois esclarecer a pergunta do homem.
- Lulie D'Abruccio. - Segurou os dois lados de sua saia e abaixou-se, cumprimentando-o. - É um prazer conhece-lo, sou irmã de um dos participantes, Colton D'Abruccio.

-Sou Heinz Von'Hoeven ; Respondeu com um curvar de cabeça - Creio ainda não te-lo conhecido. Ele ainda está na disputa?

Voltando a postura costumeira, disse:
- Sim, sim, ele está! - Respondeu orgulhosa dos feitos do parente. - Sua luta será a próxima, pelo visto. - Olhou para um dos grandes relógios da arena. - Se já conseguiram resolver os problemas da última disputa, ele deve estar entrando agora mesmo em ação.

Heinz não conteve um sorriso diante da animação da moça. Estariam seus irmãos torcendo por ele também?

-Gostaria de ver seu irmão. Por que não voltamos a arena? -Disse, já com seu corpo parcialmente virado.