Taverna Flecha Sangrenta

O dia havia se passado, o movimento estava fraco, talvez devido ao frio que estava a chegar. O mesmo atendente que ajudou a moça mais cedo estava, agora, limpando os copos no bar e limpando as mesas do local. Tudo estava calmo, pelo menos até então...

Ele voltou não muitos segundos depois, com os olhos semicerrados e os lábios molhados, indagando-se em pura curiosidade. O corpo do rapaz era esbelto e forte, o que sugeria que mexia com trabalho pesado, ou fazia algo mais, porque com certeza não era apenas um simples funcionário de uma taverna qualquer.

Pôs suavemente as mão sobre o balcão e se aproximou devagar, lento, sem pressa. Até fitar as profundas esmeraldas da garota com seus olhos azuis cintilantes. A mesma de certa forma os encarou, torcendo o pescoço enquanto aparentemente se hipnotizava pelo rapaz.

Foram quando as pupilas dele se retraíram em miose e seu azul cintilou em um tom mais brando, adquirindo então, olhos de lobo. A manteve daquele jeito por meros segundos antes de fazer tudo voltar ao normal.


— Você é um homúnculo... — Sorriu para a garota a fitando

Ele se soltou, largando a postura de cavalheiro tímido, ficando mais a vontade com a presença confortante da garota. Soltou um riso suave e balançou a cabeça.

— Espere um pouco, eu vou pegar uma coisa.

Ele foi até dispensa onde mirou um caixote velho, empoeirado e coberto por teias de aranha que estava encima da estante principal. Subiu em uma pequena escadinha que estava ali ao lado e então pegou o mesmo, já soprando a poeira e tirando as teias de aranha com as mãos enquanto sacudia o caixote. Voltou até a garota com o mesmo sorriso estampado no rosto e então colocou o caixote em cima do balcão.

— Escute. Você provavelmente deve ter acabado de chegar as redondezas, e realmente deve estar precisando de dinheiro, correto? Eu preciso de uma coisa... preciso da sua ajuda.

Continuou com o sorriso encantador no rosto, ainda mais quando via a timidez de Emerald.

— Eu preciso de... algo. Mas... Acontece que não posso sair dessa taverna, ainda mais agora, próximo a lua cheia. Tem algo aqui que me prende... é só o que eu posso dizer. — Sorriu outra vez. — Preciso de uma Runa Lunar. Sabe o que é isso?

Ele então quebrou o caixote e tirou de la uma especie de adaga com uma pedra rosada em seu cabo.

— Isto... — Jogou o braço para o lado com brutalidade, fazendo uma serie de laminas laterais se desdobrarem sobre a principal, formando então um longo e afinado sabre. — É uma Wolfslayer. Uma das poucas que ainda restaram. No passado eram utilizadas por caçadores de lobisomens para cortar, fatiar e estripar qualquer tipo de licantropo. — Soltou um riso debochado. — Sua lamina é forjada e banhada com Wolfsbane, uma planta altamente alérgica e fatal a qualquer lobo, mas tão rara quanto. Ela cresce apenas sobre a umidade de algumas cavernas que ficam ao redor de Hammerfall. Pelo menos era o meus avós me contavam...

Ele dizia enquanto examinava o sabre, o virando de um lado para o outro, mantendo-se focado no mesmo de forma hipnotizada. Como se estivesse ironizando algo que de fato lhe trazia certa dor.

— Runas Lunares não são nada mais do que pedras da lua que contem energia magica lunar. É em fato simples demais. — Continuou movendo a lamina de um lado para o outro enquanto falava. — Hoje em dia elas não tem muito valor, muito menos são uteis sozinhas, mas antigamente eram utilizadas em massa como forma de canalizar e aumentar os poderes de um licantropo. Eram maravilhosas, acredite..

— Preciso que traga uma dessas a mim antes da próxima lua cheia. E posso lhe dizer onde conseguir. Lhe darei 1400 moedas de ouro. Acha que pode me ajudar?

O funcionário saiu dos fundos da cozinha, voltando para o balcão principal e indo em direção a morena que estava então a sua espera. Chegou perto da moça acenando com a cabeça.

— O que a senhorita deseja? — Perguntou cintilando seus luminosos olhos azuis.