Cidade de Innsmouth

Ela ficou dividida entre sorrir e fechar a cara, mas estava decidida a não iniciar uma briga ali. Por fim, segurou a mão estendida e manteve a expressão neutra, ou pelo menos tentou. — Quantos elogios, na verdade, acho que nunca ouvi tantos de uma só vez. Está certo, eu irei acreditar em você. — "Pelo menos por enquanto." Completou mentalmente. Atendendo o pedido do vampiro. voltou a diminuir a temperatura do local, focando apenas na região em que os dois se encontravam.

Passo a andar lentamente e levar a garota comigo.

- Não me dou bem com muitas perguntas... Aquele dia eu não sei o que deu em mim, mas acredite, retirei o elmo para poder ver seu rosto melhor e é bem bonito, você devia sorrir mais, ficas linda sorrindo. E sei que esta desconfiada e com medo, mas não fique assim, eu não quero lhe fazer mal, acredite, se quisesse já teria feito. - Após algum tempo caminhando, noto que ela se molhava com a chuva, levanto meu braço a puxando para mim e a cobrindo com minha capa, a protegendo da chuva. - Assim está melhor?

— Oh, sim... Obrigada. — Olhou fixamente para o caminho a sua frente e fingiu tossir, para esconder o constrangimento. Quando se lembrou o motivo de ter ido até ele, endireitou a postura e ergue levemente a cabeça. — Fico feliz por ouvir tantos elogios. Mas eu vim por outro motivo. Por que quer tanto a Helena? — Por um breve instante, imagens de suas "irmãs" sendo torturadas vieram a sua mente, o que lhe causou um calafrio. No entanto, ela rapidamente tratou de se recompor.

Paro e me encosto em uma parede, a puxo para mim a abraçando, protegendo-a da chuva.

- Poderia retirar meu elmo para mim? Assim podera olhar em meu rosto quando lhe responder e verás se serei sincero ou não.

— Tudo bem... — Sua voz estava baixa e sua respiração havia descompassado com o tal inesperado. Se preparou para qualquer coisa, podia sentir as pontas dos dedos formigando de tanta ansiedade. Poderia contra um vampiro? E ainda estava sozinha. Devagar, levou ambas as mãos até o elmo e o retirou lentamente, com cuidado para não deixa-lo cair. Tentou não olhar em seus olhos, o brilho rubro já lhe chamava atenção com o elmo, agora pareciam atentos e famintos demais. — Feito. —

- Meu interesse não era nela e sim em outra pessoa, apenas me confundi. - Abro um sorriso gentil para a garota e passo a ponta dos dedos em seu rosto. - Na realidade eu fiquei interessado em tu, você me chamou atenção com seus batimentos descompassados e agora mais ainda com este sorriso tão belo.

- Eu? - Seus olhos se estreitaram, demonstrando confusão, mas não durou muito tempo e foi substituído por um rubor nas bochechas. - Entendo. E o que você deseja? - Tentou parecer o mais calma possível.

- Desejo você.

Sorrio para a garota e puxo o corpo dela, a deixando mais próxima.

Analisei as expressões do vampiro a minha frente, seu rosto era tão sereno que chegava a ser encantador. Por alguns minutos me perdi em fitar seus olhos, mas então voltei a mim e a pergunta que havia sido feita.

- Você não tentará atacar outros sem motivo algum, certo? Pergunto isso devido a uma experiência ruim durante a noite.

Enquanto o esperava responder algo prendeu minha atenção, o bilhete de Sarah era direto e sem muitas explicações, mas aquilo fez com que calafrios percorressem meu corpo. No mesmo instante olhei em todas as direções, não havia nenhum sinal de Samael, mas sua presença estava perto. Passei minhas mãos pelo cabelo molhado, enquanto batia o pé e pensava no que fazer.

- Peço perdão por essa atitude mas, poderia por favor esperar aqui por alguns minutos? Logo voltarei, apenas preciso checar uma coisa que esta me preocupando.

Antes que Eron me desse uma resposta já estava caminhando pelas ruas da cidade, seguida por estranhos olhares por parte dos moradores. A cidade estava agitada demais, eu entendia que aquilo era algo incomum, mas a intensidade com que calafrios percorriam meu corpo apenas por ter tantos olhares sobre mim me incomodava.

Após andar algumas quadras e tornando a ficar ensopada pela chuva encontrei Sarah, juntamente a Samael. Aquela cena me surpreendeu, assim como me deixou nervosa. Antes que notasse já estava pondo palavras para fora e chamando a atenção dos dois.

- O que esta fazendo? - Com calma direcionei meu olhar para o vampiro, e então para a garota. - Sarah, você esta bem? Deus, não suma desse jeito.

Algo me incomodava, minhas asas estavam rígidas e tensas, algo no interior de minha mente me dizia para tomar cuidado com aquela cidade, com a hostilidade vinda dos moradores, assim como o clima anômalo no local.

Abriu a boca, pronta para responder até que a voz de Helena a impediu. Franziu a sobrancelha, e olhou em direção a morena, só então percebeu como seu coração estava acelerado. — Helena, eu... — Voltou a olhar para o vampiro, desta vez um pouco surpresa por suas palavras. — É como ele disse, estou bem. Desculpe-me, você estava ocupada e eu não quis incomodar. — Embora quisesse demonstrar confiança e tranquilidade, seu corpo estava ainda mais tenso devido ao toque em seu cabelo e a proximidade com o rapaz.

Despejou as palavras sem quase prestar atenção no que dizia, não sabia se deveria afastar-se de Samael e ir até Helena ou se deveria continuar ali. Olhou para garota e afirmou com a cabeça, abrindo um pequeno sorriso. — Está tudo bem, não precisa se preocupar... Veja, qualquer coisa eu lhe mando um sinal. —

- Entendo, então é dessa forma... - Murmurei mais para mim mesma do que para ambos, e então voltei a andar. - Bem, saiba que cuido da minha garota, e quando ela sumiu vim apenas checar as coisas, então peço que não use esse tom áspero comigo, não há necessidade Samael. - Respirei fundo e me voltei para a direção da qual havia vindo.

Enquanto saía dali minhas botas faziam um barulho irritante de encontro a calçada molhada, e minha pele estava novamente fria. O vento circulava por minhas costas, onde minha blusa era totalmente aberta devido as asas, as quais estavam retraídas devido a chuva.

— Ah, ela ficou brava. E com razão. — Suspirou e voltou a olhar para o vampiro. — Afinal, alguém a provocou. Eu deveria ter explicado melhor... — Sentiu-se mais culpada ao lembrar da expressão no rosto de Helena, queria desculpar-se o quanto antes. Definitivamente explicaria com todos os detalhes para ela.

- Perdão por ter tratado sua amiga de modo áspero... Poderiamos retornar nossos assuntos?

Passo a ponta dos dedos pela bochecha da menina e depois por seus lábios.

— Não precisa... — E com um só toque seu corpo e mente voltaram naquele estado dormente, não conseguiu mais formar uma frase completa, não com aquele abraço e olhar. — Sim você disse... Disse que me queria. — "Mas por quê?" Estava curiosa, mas sentiu que não deveria perguntar.

Dou um pequeno sorriso e aproximo meu rosto do rosto da garota, encosto meus lábios nos dela, dou um leve e fraca mordida no lábio inferior dela, depois dou um selinho na mesma e a beijo, aperto nosso abraço, colando o corpo da mesma ao meu, peço permissão para aprofundar o beijo.

A primeira reação de Sarah foi tentar se soltar, mas quando sentiu os lábios dele, ficou paralisada. Por impulso, fechou os olhos, ergueu as mãos até seu rosto e retribuiu o beijo. Aquela altura, ela já não podia mais duvidar de suas intenções, sabia do que eles eram capazes de fazer para conseguir o que queriam. Foi quase doloroso quando afastou o rosto do dele, sua boca parecia ser quente demais contra a dele. Por um breve momento, pensou rápido no que deveria falar e se deveria falar, não esperava por aquilo. — Um beijo? Admito, estou surpresa. — Puxou ambas as mãos de volta, para segura-las, estava trêmula.

- Não esteja... Você faz-me sentir bem... Você é fria...

Beijo a bochecha da mesma e abraço-a de forma protetora, desço meus lábios para seu pescoço e a beijo ali, raspo minhas presas levemente no local.

- Me permite saber se teu sangue é tão bom quanto seus lábios?

— Ah, isso é menos surpreendente. — Tentou não deixar transparecer o quão nervosa estava, ainda mais com as presas dele roçando em sua pele. — Mas, pelo menos por enquanto, não tenho intenção de me tornar vampira. — Deu um passo para trás, mas sem se afastar muito do rapaz. Abriu a palma da mão e a ergueu até o rosto dele, deixando as pontas dos dedos encostarem em sua bochecha.

— Eu acredito em você. Por tanto, não vejo motivos para negar meu sangue a você. — Abriu um pequeno sorriso.

ー Medo? Não era de você que eu tinha medo. Tinha medo de que levasse Helena para longe de mim. ー Observou enquanto ele sugava seu sangue, pode que ele não era tão ruim, se estava com sede, seu humor não poderia estar melhor. ー Meu sangue não é um dos melhores. ー Pensou em voz alta, sem se dar conta de que estava olhando-o fixamente.