Cidade de Innsmouth

— Vocês pensam de mais nos cidadãos que não ligam pra vocês — falei, largando o peso de minha cabeça, fazendo com que bata suavemente no travesseiro — Comecem a pensar mais em vocês, não quero ter que sair daqui sozinho, pensem bem — minhas palavras saiam de minha boca como se fosse um discurso, algo que realmente deveriam pensar sobre — Eles parecem muito bem sem ajuda de vocês, aliás, Heinz, Helena não te contou tudo sobre aqui ? Eu não te falei o que queriam ? Realmente acha que teu relatório está incompleto ?! — terminei, alterando um pouco o tom de voz na última pergunta.

— Quer saber? Que se foda! — gritei, dando um soco na parede — Se quiserem descansar, que descansem, mas eu, eu irei investigar agora mesmo! — sentei na cama, começando a calçar minhas botas sujas — Estou pouco me fudendo, se alguém aparecer na minha frente eu irei matar sem piedade e se nada acontecer eu irei imediatamente para Breonne e falarei tudo o que eu sei! — continuei gritando, indo em direção da porta — Se quiserem ficar parados aí e descansarem igual bostas, não me importo, eu irei agora — terminei, dando um longo suspiro e abrindo a porta, passando por ela.

— Quem quiser me seguir que siga, não ligo — falei de vez, fechando a porta e retirando minhas adagas. Comecei a explorar a mansão cautelosamente, cuidando de meus passos e memorizando o mapa do local. Fiz uma procura minuciosa em todo e qualquer lugar da mansão.

Vindo que Heinz decidiu me acompanhar, me relaxei um pouco, vendo que não estaria tudo dependendo de mim. Não esperei pelo soldado e continuei investigando sozinho, até que ele me alcançasse.

Fui até o balcão e saltei por cima dele, chegando no alçapão. Estava realmente na cara que isso era uma armadilha, se tivéssemos verificados os outros quartos nem precisariam dizer isso. Pensei, enquanto abria o alçapão e verificava o que havia dentro. Se não fosse nada perigoso, seguiria alçapão a dentro.

Ao verificar dois quartos, Heinz notou a ausência de mobília. Isso indicava, com certeza, de que o sumiço dos hóspedes era algo que acontecia rápido, já que eles não teriam tempo de reparar nisso.

- Pelo jeito, o quarto onde estamos é o único para onde mandam os viajantes. - Sussurrou para Mannuel enquanto o seguia.

Assim que se aproximou da recepção da "pousada", Heinz pousou a mão sob o cabo da espada. Para se alívio, entretanto, ela estava vazia. Estavam McBubbles e quem quer que o estivesse auxiliando preparando alguma coisa? Mannuel então viu algo logo após o balcão. O soldado o acompanhou, olhando bem em volta antes de atravessar atrás de Mannuel.

- McBubbles não tem um porte perigoso, creio que ele está a serviços de alguém. A cidade toda me parece suspeita, entretanto... - Heinz falava num tom suficiente apenas para que Mannuel o ouvisse. Enquanto este abria o alçapão, o justiceiro verificava em volta para ter certeza de que não eram observados.

Pulei no alçapão e dei alguns passos para frente. Pensei em esperar Heinz, mas logo decidi que não iria fazer isso. Comecei a andar pelo túnel, atento com qualquer coisa à minha volta e com minhas adagas em frente ao meu rosto, preparadas para atacar.

Heinz seguiu Mannuel pelos túneis, lembrando-se de fechar cuidadosamente o alçapão atrás de si. Enquanto seguia o myddraal, o soldado apalpou as paredes do túnel e assim reparou sua umidade.

- De acordo com sua visão, o túnel é fundo? - Perguntou Heinz, num sussurro.

— Sim, é, mas parece que já estamos no final — respondi à sua pergunta, baixo o bastante para que não ecoasse tanto no túnel.

Pensei em perguntar se Heinz gostaria de continuar, mas outra vez decidi continuar por mim mesmo e deixar com que ele decida coisas relacionada à ele. Então, continuei andando pelo túnel, querendo encontrar logo uma saída, porém, ainda atento e com as adagas em prontidão à minha frente.

Heinz precisou encostar-se um tempo na parede para tomar ar antes que pudesse prosseguir, e isso o fez distanciar-se um pouco de Mannuel. Logo o soldado tornou a andar, lentamente ainda, para que não precisasse de respirações longas.

"Já que minha família lida com um grave problema respiratório a décadas, posso fazer isso também." - Ele pensava consigo mesmo enquanto regrava sua respiração durante a caminhada.

Subitamente, algo chamou a atenção do soldado.

-Está ouvindo o barulho de ondas? - Indagou confuso para o companheiro.

— Vamos nos separar ? — falei, quando vi os dois túneis. Admirei com toda a ambientação mística e misteriosa do lugar. Estava impressionado que alguém se dera o trabalho de cavar um túnel tão fundo assim, já que dava para ouvir o mar e suas criaturas.

Minha cabeça virou para Heinz, quando chegamos na bifurcação e esperei a resposta do soldado.

Heinz aliviou-se quando sua respiração se normalizou, afinal enfrentar qualquer coisa com aquela fraqueza não seria nada fácil. O soldado, assim que viu o painel de símbolos, admirou-o para tentar entendê-lo. Como já havia lido muitos livros, talvez reconhecesse os símbolos de algum lugar. Ouviu a ideia do myddraal, ainda focando no painel, mas não a considerou ideal.

- E como um saberá se o outro encontrou algo? - Perguntou enquanto ainda deslizava delicadamente os dedos enluvados sobre os símbolos no painel.

— Nos encontramos depois e falamos — falei, dando um sorriso bobo. Tentei ler as escrituras do painel, seria mais fácil pra mim, já que havia lido os papeis antes.

-E quando nos encontraremos? Podemos não estar sozinhos aqui também... - Disse Heinz, desviando o olhar para Mannuel por um momento. - Estamos em número pequeno, não acho uma boa ideia nos separarmos agora. E se seguíssemos juntos por um dos lados até que você pudesse ver seu fim com a visão de sua raça?

— Seu orgulho de soldado não deixa você fugir quando vê que não dá ? — comentei, rindo. Estava falando como um amigo com ele, o que era diferente.

— Acho que não temos muito tempo e se tiver algo, com certeza eles vão estar se aproximando cada vez mais, melhor terminarmos isso o quanto antes. Vou pelo da direita e você pelo da esquerda. Vou ir até poder ver o que há depois e voltarei correndo para te buscar, tudo bem ? — falei, começando a caminhar em direção ao túnel da direita.

Heinz nada respondeu, confuso com a maneira com a qual Mannuel o tratara. Assim que o myddraal se virou, o espadachim apenas riu levemente e concordou.

- Ast'Nemuvia. - Disse Heinz e virou-se para o caminho aposto. O nervosismo agora aumentara, mais porque Mannuel agora estava sozinho do que por duvidar de sua segurança. O justiceiro, devotado ao altruísmo, não desejava nenhuma perda naquela missão. O myddraal entretanto já mostrara-se habilidoso o suficiente para enfrentar o que fossem encontrar ali. Com esse pensamento, Heinz aliviou-se e seguiu seu caminho para dentro dos túneis.