Taverna Flecha Sangrenta

"Não, não. E ele pode pagar por si mesmo, provavelmente" Disse à balconista. "E não sei se vou ficar por aqui. Isso é, talvez eu volte... Então pode guardar um quarto para mim?"

"Calma, calma..." Respondo segurando a mão de Nadine. "Eu te ajudo chegar ao quarto, e então entrego a chave em sua mão, ok? Assim você pode deixar uma coisa ou outra no quarto e caminhar com menos peso. Será mais comodo para você." Digo guiando-a até o balcão, e ali coloco a mão no ombro de Mihaela. "Ela vai ficar aqui sim. E isto é uma ordem." Concluo, piscando com o canto de olho para ela.

Novamente retraio a mão puxando contra meu corpo.

- Não há necessidade de guardar nada, tudo é muito leve ... - Na verdade não era tão leve, porem com a força que possuía, certamente não me fazia diferença.

"Vamos, que custa aceitar uma gentileza? Daí você ainda pode aproveitar e tomar um bom banho ou trocar de roupas, caso queira. Se precisar de ajuda com algo que não achar que eu seja conveniente, a Mihaela te ajuda. Ela não negaria essa ajuda a você, não é mesmo?" Digo envolvendo as duas na conversa.

"Eu disse que não sei se vou ficar por aqui." Novamente, um tom alto e claro. Aquele cara estava bastante mandão, hm? Ela não iria sair agora, mas ainda era manhã, e muito cedo para decidir a própria estadia. "E, sim. Se precisar de algo, Nadine, pode me chamar." Mihaela confirmou.

"Missões?" Perguntou à balconista.

- Não precisa, obrigada... err... - Respondo á jovem, novamente desvencilhando dos braços daquele rapaz que insistia em me tocar. Quando escuto o que a balconista me diz, acabo tendo certo interesse porem tento evitar que percebam.




*Narrador*

" A balconista ri da cena e pisca ao rapaz, pensando no lucro que teria com as estadias.

- Deviam ouvir ele, afinal, ele quer o bem das duas.... Oh, são missões, trabalhos, pedidos.... ali tem de tudo. - Ele se afasto do balcão pegando três copos e colocando a frente deles, pegando uma garrafa debaixo da mesa, abrindo-a e servindo uma dose em cada copinho, qual em seguida ela empurra na direção dos demais. - Por conta da casa... Afinal, já sei que serão bons fregueses... - Ela sorri. A bebida era transparente e tinha um forte cheiro de álcool."

"Deixa a garota em paz, K." Mihaela não confiava nele. Talvez não tivesse deixado isso claro. Nadine também não era nada confiável de seu ponto de vista, mas mesmo assim, parecia uma boa pessoa. Provavelmente alguém com segredos, nada que evitasse a assassina de pelo menos ajudá-la.

"Muito obrigada, mas não... não gosto disso." De álcool. Não tinha a intenção de ofender, apesar de como a frase soou. Ela tentou sorrir de forma simpática à balconista, e em seguida foi conferir o quadro de avisos.

"Sinto muito, não posso beber... Enquanto não concluir meu voto de salvar meu irmão..." Digo isso, me encostando no balcão, em um angulo que possa ver as duas moças no meu campo de visão. Pisco então para a balconista. "Espero não estar incomodando em seu negócio." Observo então Nadine, que permanecia quieta. "Perdão tocar você tantas vezes. Acho que te incomodei. Perdão. Não o farei mais, exceto em caso de real necessidade." Respondo a ela.

- Não tem problema... só não estou acostumada á "toques".... - "Observo" a jovem se aproximar do quadro de avisos e a curiosidade bate, então fico a prestar atenção nela. - Por que não vai ver o que tem no quadro de avisos ? Voces aventureiros devem adorar essas missões... - Digo mantendo a simpatia, então pego um dos copos e tomo, virando a bebida de uma vez. Com o metabolismo forte, a bebida não era nenhum problema.

"Você tem uma percepção incrível. Meus parabéns." Digo isso ao vê-la pegando o copo por si só. "Ok, então... Sem toques desnecessários... Não era minha intenção incomoda-la... Deixarei o quadro de avisos para depois, quando aqui esvaziar um pouco." Continuo encostado no balcão, ainda observando as duas.

Percebo o descuido e fico um pouco nervosa.

- Foi pura sorte... - Digo pressionando com força a bengala. - Poderia me acompanhar até lá ? _ digo disfarçando novamente.

"Posso sim..." Digo, desencostando do balcão. "Quer que eu te guie?" Pergunto, estendendo o braço.

- Oh, claro... - Toco em seu braço com a ponta dos dedos e caminho com o apoio da bengala.

Vou com ela até o painel, e ali coloco a mão no ombro de Mihaela. "Adivinha que amigo amado seu que voltou para te importunar um pouco mais?" Digo, mas logo me viro para Nadine. "Procura que tipo de anuncio especificamente?"

- Não sei.... - Respondo lendo os avisos discretamente, enquanto pensava se deveria ir ou não em uma missão. Afinal, precisava de dinheiro e viajar certamente me daria mais experiencia.

"Diga-me então suas competências, e posso ver algo dentro disso. Garanto que buscarei algo a seu nível, e que não te traga problemas." Proponho a ela. "Posso também obter informação sobre o contratante, para saber se é boa pessoa."

Mihaela estava concentrada. Procurava por missões que envolvessem, quem sabe, algum tipo de monstro ou procurado. "Algo não tão fácil, porém não tão difícil." Disse aos dois. Seria de bom tamanho para começar as coisas por ali.

Antes que possa responde-los, fico um pouco mais séria, logo após a porta se abre revelando os encapuzados. Não viro em direção á eles, porem estava com minha total atenção em cada um e sentia que pelo menos um estava fitando-nos.  Começo a analisar suas tendencias... "Neutro... Neutro... mal... Neutro...". Exatamente o que mais me preocupava estava a nos fitar-nos.

- Acho melhor "ver" esse mural depois.... Afinal, não deve ter nada aí para uma cuidadora de loja de ferreiro...

Observo os homens, e vejo que cochicham demais para meu gosto. Começo bolar possibilidades de como lidar com aquilo, e se realmente vale a pena falar algo com eles. Vejo também que Nadine está mais atenta após a chegada dos mesmos. Prefiro apenas aguardar o que poderia acontecer a seguir, mas estando alerta.

"Ferreira? Com essas mãos delicadas? Impressionante. Você parece uma caixinha das surpresas infinitas." Digo a Nadine, fazendo graça.

"Tsc." Algo que ela realmente deixou claro foi o quanto estava desconfortável agora, com a sensação de ser observada por um desconhecido. Mihaela olhou de canto para os quatro, focando naquele encapuzado irritante. Deve ser este. Aquele grupo parecia extremamente perigoso.

Vejo que Mihaela também notou eles, e se incomodou por eles. Sendo assim, ambas as garotas não se sentem a vontade com a situação. Isso me abre novas possibilidades e anula algumas outras. Gosto do rumo das coisas, por mais que não goste das figuras infelizes.

-x-

Não sabia se ele estava de olho em mim, ou em algum dos dois mas não estava disposta a ficar e descobrir. Tinha medo de organizações secretas que testavam outras espécies que fossem diferentes das suas, fazendo testes físicos, psicológicos até que a vitima falecesse e continuassem seus testes em um cadáver. Seja um mito ou realidade sobre tais seitas, não seria eu a tirar a prova.

- Com licença, mas tenho que ir... - Viro-me, quase não batendo a bengala no chão com a pressa que estava. Passo pelo homem e vou em direção á porta.

Seguro o braço de Nadine de imediato. "Não importa o motivo pelo qual quer sair, mas espero que se acalme e fique aqui, onde eu possa vez e agir..." Alivio um pouco a pressão em seu braço. "Poderia confiar no estranho aqui, ou ao menos depositar um pouco de confiança dessa vez?" Sussurro em seu ouvido.

Franzia o cenho, ainda mais séria como ato de K.

- Tem razão... sou uma caixinhas de surpresa.... Não irei confiar em um estranho e sugiro que faça o mesmo... - Digo baixo mas claramente em tom de ameaça, dessa vez com a outra mão na bainha da espada.

"Pare de importunar a garota. Se ela quiser, deve sair, mas... não sei se é impressão. Isso é, acho que temos um problema." Sua intuição não diziam que eram conclusões precipitadas. A atenção das pessoas sinistras naquela mesa estava voltada para eles.